Tenho há alguns anos o objetivo de conscientizar Igrejas sobre a importância dos sistemas de som e como tentar minimizar os problemas técnicos que tenho visto com frequência pelo Brasil, principalmente quando ministro treinamentos e workshops. Na maioria das vezes esses problemas seriam facilmente corrigidos se dentro da congregação houvesse pessoas com um conhecimento melhor sobre sonorização. Essa falta de conhecimento resulta em problemas que afastam visitantes, provocam desconforto nas pessoas e, principalmente, distorcem a mensagem ali passada!
Muitos dos problemas de som que me relatam por aí, na verdade, não tem a ver com o sistema de som e sim com o despreparo, ou às vezes até mesmo com o descaso, por parte das pessoas que utilizam de alguma forma o sistema, como palestrantes, músicos ou apresentadores.
Manuseio correto dos microfones, passagem de som bem executada, ensaios frequentes da equipe de música, exercícios vocais para melhorar a dicção e manter os instrumentos sempre afinados permitem com que o som final seja melhor porque a origem tem maior qualidade. Se a fonte sonora não estiver boa não tem como a mixagem final ficar boa. Mesa de som, infelizmente, não faz milagres. Se ela fizesse, já estaria beatificada! hehehe…
O problema que, de longe, mais ouvi reclamações até hoje diz respeito a excessos ou (raramente) de falta de volume no som das Igrejas que visito.
O termo em inglês Sound Reinforcement System, que é traduzido por Sistema de Reforço Sonoro, é o que melhor define a função de um sistema de sonorização. Reforço! Não significa aumentar ou diminuir. Significa reforçar!
O excesso de volume pode causar estresse, interferir na comunicação oral, perturbar o sono, impedir a concentração e aprendizagem, causar perda de audição e até mesmo causar infarto. De acordo com relatório da OMS, anualmente, cerca 210 mil pessoas morrem de infarto causado por sons elevados.
Segundo o Anexo I da NR15, existe um tempo limite de tolerância a cada nível de pressão sonora que podemos nos expor diariamente sem que haja qualquer tipo de danos à audição. Para um culto de aproximadamente duas hora de duração, por exemplo, a máxima exposição contínua saudável é de 95 dBA. Um evento que atinja os 100 dBA, podemos nos expor por uma hora, enquanto a 85 dBA podemos nos expor por oito horas seguidas.
Para sabermos quão alto está o volume precisamos utilizar um equipamento específico para esta finalidade, o Sonômetro, popularmente chamado de Decibelímetro. Trata-se de um equipamento utilizado para medir os níveis de intensidade do som que consegue representar bem a sensação auditiva de volume.
Os Sonômetros estão disponíveis em diversas marcas e modelos, variando de R$ 60 a mais de R$ 1.500,00 mas, para quem preferir, existem diversos aplicativos gratuitos para smartphones e tablets que funcionam bem.
Para conseguir utilizar de forma efetiva o Sonômetro lembre-se sempre de registrar as medições com o mesmo equipamento, na mesma posição, no mesmo local e só assim você criará um padrão para a sua medição. O local da medição precisa, necessariamente, ser onde o público está. Nem tão próximo às caixas de som e nem tão distante.
Para definir um volume padrão para o microfone do pastor, por exemplo, podemos usar como referência a medição de volume no momento da leitura bíblica em conjunto pela congregação (sem a utilização de microfones) e para definir o volume padrão dos momentos onde a banda completa toca, acrescentar de 10 a 15db (decibéis) no valor de referência para o microfone do pastor já representará um volume bom.
Os maiores vilões para o volume alto nas Igrejas são as baterias acústicas, os retornos no chão do palco e os amplificadores pessoais de instrumentos. A realidade nos comprova que os níveis de palco podem facilmente exceder os níveis das caixas principais em ambientes de pequeno e médio porte. Um passo importante para a diminuição deste nível de volume é estabelecer um acordo entre músicos e operadores de som para que a intensidade da bateria seja reduzida, que os músicos se disponibilizem a se escutar menos no retorno e também aceitem reduzir o volume dos amplificadores.
Outros caminhos a serem adotados e que surtiram resultados evidentes são a adoção de sistema de retorno por fones de ouvido, aproximar mais os retornos de chão e amplificadores em direção dos músicos, direcionar os amplificadores de instrumentos para os ouvidos dos músicos (e não para seus joelhos), reduzir o número de fontes emissoras de som no palco e também adotar o uso de baterias eletrônicas.
Deixo aqui externado o meu incentivo às Igrejas a buscarem capacitação através de cursos, livros e principalmente com a troca de conhecimento entre outros voluntários de equipes de som de Igrejas próximas. Realizem treinamentos e práticas que simulem situações reais a fim de desenvolver as habilidades técnicas e agilizar a resolução de problemas em momentos de culto.
Espero que este material tenha somado em sua vida e que sirva de benção em sua comunidade na proclamação do Evangelho.
Cadu Aranha
Cadu Aranha é natural de Campinas/SP, casado, pai de 2 filhos. Pós-graduado em Fotografia e Audiovisual, formado em Produção Musical. Técnico de áudio com experiências em grandes shows e eventos trabalhando no SESC/SP entre 2010 e 2013, sob o DRT nº 4138/SP e membro associado da AES. É responsável por equipes de som e de transmissão ao vivo em Igrejas de São Paulo desde 2013. Ministra cursos e treinamentos de sonorização pelo Brasil desde 2015. Proprietário da OitoSet, uma produtora cultural que desenvolve eventos e projetos audiovisuais para Igrejas, bandas e empresas. Fundador da Audio Web Academy, uma EduTech 4.0 com ênfase em sonorização.
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